Nascimento: séc. XIX Residente em São Caetano do Xopotó (atual Cipotânea, MG, cf. informações de Colatino Rodrigues Pereira), onde era fazendeiro. Nomeado Alferes da Guarda Nacional em 1o. de novembro de 1892. Ele é assim descrito por seu neto Waldemar Lins: "Conheci um ancião (vou dizer logo quem era, relevae-me a immodestia: meu avô materno, um fazendeiro de São Caetano do Xopotó), que era um exemplo (...). Todos, os da familia, não passam um dia sem lembrar-se da sua figura e de seus actos. Tinha sete filhos (quatro homens e tres senhoras). Envelhecido, vendeu tudo quanto tinha, repartiu com a prole, deixando cousa muito pequena de que tirava o necessario para viver, com minha avó, no arraial, com decencia. Os filhos homens são, já fazendeiros abastados, alguns já avós. O velho pae, como já disse, está pobre, elle mesmo o quiz. Esse velho, mesmo assim, era um homem de cabeça erguida, cabellos todos brancos, limpos, topete levantado, barbeado diariamente, sem bigodes, mas com a barba alvissima e aparada, em torno do rosto. Homem muito claro, dentadura perfeitíssima e alva, seu sorriso, raro, quando apparecia encantava. E todo mundo gostava de olhar-lhe o rosto sereno, sentenciador quando solicitado, pois consideravam-n'o como um mahatma, incapaz de uma mentira, de uma simulação, de fugir de quem quer que fosse. Nunca vi, no mundo, outro assim! (...) Morava o casal no arraial, e os filhos vinham da roça, aos domingos, para a missa; isso, na certa. Apeavam e pousavam na casa paterna. Às 10 horas da manhã estavam os quatro, alegres, palestrando em vóz alta, na grande sala da frente. Fumam e gracejam. O velho está acabando de barbear-se, pentear-se, vestir-se. Ouvem-se-lhe os passos firmes, fortes, de almirante inglez (lembrai-vos de que o velho é pobre e os filhos ricos): os filhos, rapido, poem-se de pé, em linha, silenciosamente, sisudamente, as pontas dos cigarros foram atiradas longe. O velho assoma á porta principal, firme, sisudo, qual apparição de um santo. Alli espera as homenagens que vem recebendo desde quando seus filhos eram pequenos: 'Louvado seja N. S. Jesus Cristo'! dizem os quatro. 'Para sempre", responde o velho. Cada um delles, do mais velho ao mais moço, approxima-se e beija a mão do ancião, que está no mesmo lugar. Feito isso, o velho dá a honra de sentar-se, por alguns minutos, com os filhos. Palestram alegremente, contam casos; riem-se mesmo. 'Vamos para a missa'! diz o velho, novamente sisudo. Pensaes que todos juntos, em egualdade? Nunca! O velho vae á frente, sosinho, e os quatro filhos dois a dois, atraz. Na egreja, a mesma collocação. O povo do lugar, á passagem, admira a familia e acompanha-lhe os movimentos com attenção e orgulho (por ser do lugar). Não é tocante?" (Lins, Homens de febra, p. 19-21).