Nascimento: séc. XVIII Natural e batizado na freguesia de São Paio, Pinheiro da Bemposta, Comarca de Esgueira, Bispado de Aveiro (Portugal). Transferindo-se para o Brasil antes de 1758, fixou residência em Ribeirão da Espera (atual Rio Espera, MG), freguesia de Itaverava (MG), onde se casou, a primeira vez, por volta de 1757, com Anna Maria de Jesus, com quem teve os filhos Maria, Ignácia e Manoel; casou-se a segunda vez, na mesma localidade, cerca de 1768, com Rosa Francisca de Jesus, de quem teve as filhas Anna e Rosa. Em 1768, aparece como inventariante e tutor de Antônio do Couto Ribeiro (Casa Setecentista de Mariana, caixa 91, auto 1905). Ditou seu testamento em Rio Espera, no dia 1o. de fevereiro de 1793, em que, dentre outras, deixou as seguintes disposições: "Declaro que aos três meus filhos de minha primeira mulher, Maria, Ignácia e Manoel, lhe tocam a sesmaria de terras que comprei com o Capitão Bento Alves Vianna ao Coronel Miguel Teixeira Coelho. Declaro que dei a Maria, casada com Ignácio Pacheco, duzentos e sessenta mil réis como tão bem mais uma crioula por nome Anna, em preço de cem mil réis; e a Ignácia, casada com Ignácio Alves, trezentos e quatro mil réis, digo, mil e quatrocentos réis; e a Manoel, casado com Joaquina, filha de Joaquim da Silva, nada lhe apresentei. (...) Declaro que meu corpo será amortalhado e enterrado na Capela de Nossa Senhora da Piedade da Espera e acompanhado meu corpo por dez sacerdotes, os que dirão missa de corpo presente. (...) Declaro que se dirão pela minha alma cem missas nesta freguesia (...). Declaro que se dirão mais pela minha alma cem missas no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro (...), e outras cem missas no Convento do Carmo, no mesmo Rio de Janeiro, que todas serão ditas dentro de quatro meses. Declaro que no mesmo Convento de Santo Antônio se dirão mais vinte missas (...) pela alma de minha falecida mulher Anna Maria de Jesus. Declaro que a meu neto Manoel, filho de Manoel Ferreira das Neves, deixo quarenta mil réis para o ensinarem a escrever e contas, e a Manoel, meu neto, filho do falecido Gervásio, quatrocentos mil réis para o mesmo ministério, e a Manoel Lopes, quarenta mil réis para o mesmo efeito. Declaro que deixo dez oitavas para o altar de Nossa Senhora das Dores desta capela da Espera (...) e à Senhora da Piedade da mesma capela dez oitavas". Nomeou ainda, como seus testamenteiros, em primeiro lugar, a Ignácio Pacheco Lopes e Manoel Pereira Neves; em segundo, a Antônio Nunes Cruz; e, em terceiro, a Ignácio Alves Ferreira. Faleceu na fazenda chamada Ribeirão da Espera (em Rio Espera), em 24 de maio de1793. Foi sua inventariante sua segunda esposa, Rosa Francisca de Jesus. Parece que houve alguma disputa da parte dos herdeiros dos dois casamentos, pois encontra-se apenso ao processo requerimento daqueles procedentes do primeiro, nestes termos: "Dizem Ignácio Álvares Pereira, por cabeça do casal de sua mulher Ignácia Lopes, e Ignácio Pacheco Lopes, por cabeça do casal de sua mulher Maria Lopes, e Manoel Lopes da Cruz, que eles querem por certidão, em breve relatório passado pelo Escrivão de Órfãos dessa vila [isto é, de Mariana, MG], em cujo juízo se procedeu o inventário, as declarações seguintes: Quem foi o inventariante = Quanto avultou o monte = Em que (...) = Quanto restou da herança = Quanto pertenceu a cada um dos herdeiros = Em que espécie lhes ficou = E se lhes ficou a herança nos mesmos bens = Quem foram os rematantes e seus fiadores = E tudo por mais que se apontar." O inventário foi encerrado em 26 de agosto de 1793. (Casa Setecentista de Mariana, 2o. Ofício, códice 73, auto 1583).