Nascimento: cerca de 1493 Natural de Vouzela, Viseu, Portugal. Teria sido casado, de início, com Catarina Fernandes, a quem nunca mais viu depois que, em 1512, partiu em busca da Ilha do Paraíso, no Brasil, tendo naufragado na costa da futura Capitania de São Vicente (atual Estado de São Paulo), por volta de 1513. Foi encontrado pelos índios guaianases, passando a viver com eles. Casou-se com a filha do cacique Tibiriçá, Mbicy ou Bartira, com a qual teve nove filhos, além de outros que teve com outras índias. Com seus filhos, teria estabelecido postos no litoral de São Paulo para fazer comércio com europeus, vendendo índios prisioneiros, construindo bergantins, reabastecendo os navios em trânsito e negociando pau-brasil. As informações sobre esse período inicial da vida de João Ramalho no Brasil são pouco seguras (seria de fato um náufrago? ou um degredado ou aventureiro?), sendo todavia certo que sua chegada antecedeu a de Martim Affonso de Souza, em 1530. Foi aquinhoado, por este último, em 1531, com uma extensa sesmaria, onde fundou a povoação de Santo André da Borda do Campo (SP) - elevada à categoria de vila, em 1553, pelo Governador-Geral Tomé de Souza - da qual foi capitão, alcaide e vereador, entre 1553 e 1558. Auxiliou Martim Affonso de Souza na fundação de São Vicente, em 1532. Com seus parentes, transferiu-se depois de Santo André para São Paulo, onde foi um dos responsáveis pela expulsão, em 10 de julho de 1562, da confederação dos tamoios que atacara a vila. Em 1564 recusou o cargo de vereador em São Paulo, retirando-se para o vale do Paraíba. Faleceu em Piratininga, cerca de 1580. A historiografia brasileira, a partir do século XIX, tornou João Ramalho uma personagem emblemática: seu casamento com Bartira configuraria um dos três primeiros lares brasileiros, ao lado dos de Jerônimo de Albuquerque e Muirá-Ubi (em Pernambuco) e de Caramuru e Paraguaçu (na Bahia), ou seja, a união mitificada de um colonizador português com uma índia brasílica.