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Hilario Soares de Gouvêa, Médico e Professor

Nascimento: 23/9/1843
Natural de Caeté (MG). Em 1864, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e doutorou-se em 26 de novembro de 1866, com a tese intitulada “Do glaucoma: dos sucos digestivos, estudo chimico-pharmacológico sobre a strychinina, veratrina e brucina, operações reclamadas pelos tumores hemorroidaes”. Após formar-se em medicina, viajou para a Europa, tendo permanecido um ano em Paris e quatro em Heidelberg (Alemanha). Na Universidade de Heidelberg, onde revalidou seu diploma, realizou estudos especiais sobre as moléstias dos olhos, foi estagiário e depois chefe de clínica naquela universidade, e partilhou da convivência com Friedrich Wilhelm Ernst Albrecht von Graefe (1828-1870), oftalmologista alemão considerado o fundador da oftalmologia científica. Seu nome foi citado na obra sobre a história da oftalmologia do oftalmologista alemão Julius Hirschberg (1843-1925) e em outros trabalhos sobre a oftalmologia na Europa. Ao retornar ao Brasil em 1870, passou a se dedicar à clínica na área de oftalmologia e de otorrinolaringologia. Realizou consultas e operações em seu consultório particular, denominado Consultório Oculistico do Dr.Hilário de Gouvêa, que funcionava todos os dias das onze horas da manhã às duas da tarde, na rua dos Ourives 151. O anúncio de seu consultório, divulgado no Almanak Laemmert (1875), sinalizava também a realização de um curso público de moléstias de olhos no seu Instituto Oftalmológico. Este instituto funcionava na Casa de Saúde de Nossa Senhora da Ajuda, de propriedade de Manoel Joaquim Fernandes Eiras, na rua da Ajuda 66 e 68 e na rua de Olinda (em Botafogo). Atuou também em diversas casas de saúdes do Rio de Janeiro, tendo residido temporariamente na Casa de Saúde do Senhor Bom Jesus do Calvário, dirigida por João Baptista dos Santos (Barão de Ibituruna), instalada em 6 de janeiro de 1869 na rua São Pedro 125. Desde o ano de 1873 integrou, como oculista, o quadro médico da Casa de Saúde de Santa Thereza, que se localizava na Rua do Riachuelo 88, de propriedade e dirigida por Glycerio Thaumaturgo da Silva, na função de oculista. Observou diversos distúrbios e enfermidades relacionadas à visão, como a relação entre os distúrbios da nutrição com a xeroftalmia e a cegueira noturna, a destruição de córneas (ceratomalacia) e a prevenção da cegueira. Registrou, em 1869, seu primeiro caso de xerosis conjunctivae bulbi de desfecho fatal, enfermidade esta anteriormente denominada por Manoel da Gama Lobo de ophtalmia brasiliana, ao relacioná-la com o clima. Participou das Conferências Populares da Glória, realizadas em escolas públicas localizadas na Freguesia da Glória, no então Município da Corte, sob a coordenação do Conselheiro Manoel Francisco Correia, com a apresentação da conferência intitulada “Ensino Superior: Organização do ensino médico na Alemanha”, em 19 de agosto de 1880. Integrou o grupo professores e médicos que, liderados por Francisco Praxedes de Andrade Pertence, ocupou a tribuna das Conferências Populares da Glória com palestras sobre a situação do ensino médico praticado no país. Foi designado, em 5 de julho de 1881, para reger, a título provisório, a recém criada cadeira de clínica oftalmológica na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, em fevereiro de 1883, prestou concurso para a mesma disciplina, tendo sido aprovado. Em 6 de março de 1883 foi nomeado lente proprietário desta disciplina, cargo que ocupou até o ano de 1895. Na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro integrou a primeira Comissão Redatora da Revista dos Cursos Práticos e Theoricos, criada pelo decreto nº 9.311, de 25/10/1884. Foi médico do consultório oftalmológico do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro entre os anos de 1885 e 1889. Fundou, juntamente com Lucas Antônio de Oliveira Catta Preta, Henrique Alexandre Monat e Marcos Bezerra Cavalcanti, a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, que foi inaugurada em 14 de fevereiro de 1886. Nesta sociedade também foi 2º secretário (1887/1888), redator do Boletim (1887/1889), 1º secretário (1892), vice-presidente (1894) e presidente (1888, 1889 e 1893). No 1º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, realizado em 1888 no Rio de Janeiro, apresentou o trabalho intitulado “Maturação artificial das cataratas”, que tinha como objetivo principal demonstrar o perigo do método proposto por David Ottoni Bittencourt, contraponto o método que consistia “na discisão simples da cápsula anterior, abrindo largamente a mesma, de modo a obter o contacto com toda a massa da lentilha e praticar a extração combinada decorridas 36 horas”. Sua comunicação polarizou o evento: de um lado José Cardoso de Moura Brazil e Henrique Guedes de Mello contrários à iridectomia prévia; do outro, Joaquim Xavier Pereira da Cunha, que apoiava a sua proposição. No ano de 1888 fundou, juntamente com José Cardoso de Moura Brazil, Henrique Guedes de Mello, e Paula Fonseca, a Revista Brazileira de Ophtalmologia, que embora tenha lançado apenas dois volumes, pois encerrou suas atividades em 1889, foi considerada como “o despertar da imprensa oftalmológica em nossa terra”. Integrou, desde 1888, o corpo de médicos efetivos do Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência, que funcionava na rua Santo Amaro, nº 24, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1893, organizou, seguindo o modelo de assistência a feridos de guerra da Cruz Vermelha, uma comissão que prestou socorros médicos durante a Revolta da Armada (1893-1894) e a Revolução Federalista do Rio Grande do Sul (1893-1895). Devido a sua participação nestes eventos e a sua posição contrária a Floriano Peixoto, então Presidente da República, foi acusado de prestar auxílio aos rebeldes, sendo encarcerado na Casa de Correção e depois removido para um prédio improvisado como prisão de presos políticos, na rua do Catete. Conseguiu fugir da prisão e abrigou-se em uma casa na rua Paissandu, pertencente a uma família inglesa de suas relações de amizade. Em seguida, solicitou asilo ao Encarregado de Negócios da França, tendo seu pedido deferido, e assim foi autorizado a embarcar na fragata “Arethuse”, da Divisão Naval francesa. Depois embarcou no paquete “Brésil”, que seguia para a cidade Buenos Aires, de onde rumou para a Europa, fazendo uma escala no Rio de Janeiro para buscar sua família. Chegou a Paris em 1º de dezembro de 1893, onde, por exigência da legislação francesa, prestou exame em algumas matérias do curso médico, como condição para poder clinicar. Após o cumprimento desta exigência, defendeu, em 1895, uma tese intitulada “La distomose pulmonaire par la douve du foie”. Ainda em Paris fez um curso no Instituto Pasteur e um outro de otorrinolaringologia, área que posteriormente se tornaria sua especialidade. Participou dos Congressos Internacionais de Medicina, realizados em Londres (1880), em Roma (1894), e em Berlim (1898). Ao retornar ao Brasil, em 1899, solicitou sua recondução ao cargo de catedrático de clínica oftalmológica, do qual havia sido demitido anteriormente pelo Presidente Floriano Peixoto, tendo sido nele reinvestido pela Congregação da Faculdade. Porém foi novamente dele afastado por decisão governamental, sob a alegação de abandono. Contestou ele esta decisão, apresentando atestados que justificavam sua licença renovada por motivo de doença, mas não obteve êxito. Participou do 1º Congresso da Liga Nacional contra a Tuberculose (Lisboa,1901), foi delegado no 1º Congresso Internacional para a Luta contra a Tuberculose (Berlim, 1902) e representante do Brasil no 2º Congresso Internacional para a Luta contra a Tuberculose (Copenhague, 1904) e no 3º Congresso Internacional para a Luta contra a Tuberculose (Paris, 1905). Foi eleito membro da Academia Nacional de Medicina na sessão de 19 de outubro de 1899, tornou-se membro titular honorário em 4 de setembro de 1903 e, posteriormente, patrono da cadeira nº 73 da mesma instituição. Integrou várias associações científicas, tanto nacionais quanto estrangeiras, como a Société d´Ophtalmologie de Paris. Participou da Cruz Vermelha Brasileira, fundada em 5 de dezembro de 1908. Em 27 de novembro de 1910 assumiu a direção da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, cargo que exerceu até 1911. Apresentou na Academia Nacional de Medicina um plano de estudos, que poderia fundamentar a elaboração da Lei Orgânica do Ensino Superior. Esta Lei foi aprovada por meio dos decretos nº 8.659 e nº 8.661, de 05/04/1911, pelo Presidente Hermes da Fonseca e referendada pelo Ministro do Estado da Justiça e Negócios Interiores Rivadávia da Cunha Corrêa, e ficou conhecida como Lei Rivadávia Corrêa. Conhecedor da experiência alemã de ensino, havia projetado um plano de estudos “nos moldes das universidades alemãs, mas o conceito positivista do Ministro favoreceu a nota silenciosa da reforma, e a intromissão subterrânea de contribuições várias turvou a harmonia da obra, destinada a uma estrutura bastante característica, mas terminando em composição heterogênea de princípios e de intuitos”. Em 1911 foi designado, pela Congregação da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, para exercer a cátedra de otorrinolaringologia, recém criada a partir da Reforma Rivadávia Corrêa, função que exerceu até o ano de 1918, ano de sua jubilação da Faculdade. Considera-se que a partir da sua regência nesta cátedra foram introduzidos “os fundamentos da especialidade no Brasil”. Em 1922 foi um dos fundadores, e primeiro presidente, da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Entre 1866 e 1923, publicou dezenas de trabalhos no Brasil, na França, na Alemanha e em Portugal. Recebeu os títulos de Comendador da Ordem da Rosa e de Cavalheiro da Ordem de Cristo, de Portugal. Casou-se, no Rio de Janeiro (RJ), em 3 de setembro de 1870, com Rita de Cassia Nabuco de Araujo, de quem teve os filhos abaixo. Devido a complicações de saúde, principalmente por sua diabete, teve amputado uma de suas pernas à altura da coxa, e veio a falecer poucos dias após ter sido submetido a esta cirurgia, em 25 de outubro de 1923. Seu nome foi dado a uma rua no bairro de Copacabana. (cf. Casa de Oswaldo Cruz, Dicionário histórico-biográfico das ciências da saúde no Brasil; José Eduardo de Lima Pereira, in GeneaMinas)

Pai:
Lucas Soares Gouvêa


Pai:
João José Soares de Gouvêa
Mãe:
Joanna Rolim de Gouvêa

Mãe:
Ignacia Carolina Horta


Pai:
D. Pedro de Alcantara de Bragança e Bourbon
Mãe:
Florisbela Umbelina Rodrigues Horta

Filhos:
Alice Nabuco de Gouvêa ( séc. XIX )
Lucilia Isabel Nabuco de Gouvêa ( séc. XIX )
Ignacia Carolina Nabuco de Gouvêa ( séc. XIX )
Anna Benigna Nabuco de Gouvêa ( séc. XIX )
Maria José Nabuco de Gouvêa ( séc. XIX )
Laura Francisca Nabuco de Gouvêa ( séc. XIX )
José Thomaz Nabuco de Gouvêa ( 11/7/1871 )

Irmãos:
Hilario Soares de Gouvêa, Médico e Professor ( 23/9/1843 )
Lucas Soares de Gouvêa Filho ( séc. XIX )
Luiz Soares de Gouvêa ( )
Antonia Soares de Gouvêa ( )
Manoel Soares de Gouvêa ( )
Francisco Soares de Gouvêa ( )

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