Nascimento: séc. XVIII Natural da freguesia de Corpo Santo do Recife (PE). Casada, em 9 de novembro de 1739, na Igreja de São Pedro, Recife, com Luis Pinhão de Mattos, de quem teve as filhas abaixo. Entre 1741 e 1755, o casal transferiu-se para Minas Gerais, fixando-se em Vila Rica (atual Ouro Preto, MG). Em 1763, Victoriana foi madrinha de batismo por duas vezes, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias. Na visitação levada a cabo pelo visitador ordinário, Dr. Francisco Ribeiro da Silva, Notário Apostólico e Cônego da Catedral Sé de Mariana, à Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto, entre 30 de setembro e 9 de novembro de 1774, Vitorianna é denunciada por vários dos informantes, a saber: a) por Vicente Ferreira de Almeida, oficial de alfaiate, "por ser público e escandaloso que o Dr. Ouvidor atual vive escandalosamente com Dona Vitorianna, mulher casada com Luiz Pinhão de Mattos, e entra e sai publicamente à vista de seu marido, a quem ela traz debaixo dos pés, e lhe chama corno sem pejo nem cautela, a qual, no tempo que viveu com modéstia, sem fama viveu em pobreza, e, depois que perdeu o temor de Deus e vive infamada, tem bom fausto de galas e adejo de casa"; b) pelo Alferes Francisco Pereira, "por ser publico e escandaloso que Dona Vitorianna é concubinada com o Doutor Ouvidor dessa Comarca, e entra e sai em sua casa a toda a hora, sendo mulher casada, e à vista de seu marido, que, com temor dela, se entende, consente; da mesma sorte sabe, por ser público e escandaloso, que João Pinto de Miranda entra e sai em casa da dita Dona Vitorianna, por causa de sua filha, com quem trata"; c) pelo Alferes Theodoro Moreira, "por ser público e escandaloso que Dona Vitoriana vive concubinada com o Doutor Ouvidor desta Comarca, e contente que suas filhas (...) mulheres, e na mesma casa entra o Alferes João Pinto de Miranda, concubinado com Thereza"; d) por João da Silva Torres, "por ser público, notório e escandaloso que Dona Vitorianna, mulher de Luis Pinhão de Mattos, vive de cometer adultério com o Doutor Ouvidor desta Comarca, José Pio Ferreira, e de alcovitar suas filhas, dizendo que não há cousa como ser mulher dama, que sempre tem duas patacas na algibeira, e não sabe, ele testemunha, que seu marido Luis Pinhão saiba dos ditos crimes, mas sabe que é certo que a mulher o traz debaixo do pé, dando-lhe pancadas, e dando-lhe cornudo diante de gente, também sabe por ver e ser público que o dito Luis Pinhão e sua mulher Dona Vitorianna viviam pobremente e, nesse tempo, viviam com honra sem nota alguma, porém, depois de infamada sua mulher e viver do torpe lucro que dito tem (...), e suas filhas, com galas custosas, bom adejo de casa, com escravos, sem outro modo de vida mais de que possa ter lucro"; d) finalmente, por Antônio Martins Fagundes, fundidor, por "ser público e escandaloso que D. Vitorianna, mulher casada (...), por nome não (...), moradores da Ladeira desta vila, que é fornicária e desonesta, e que tem entregado suas filhas para atos torpes". Não se tem notícia sobre se as denúncias foram acatadas e se deu algum prosseguimento ao caso. (cf. Processo de habilitação de genere de João da Silva Pereira, Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, data: 1789, local: Serro, ref. 906/A:6/P:906, apud Sette e Junqueira, Silva Pereira; Idem, Devassas, julho 1762-dezembro 1769, f. 76v.-84; Souza, Norma e conflito, p. 27-28; Campos, Elo da história demográfica de Minas Gerais).